O poeta termina o poema com a estrofe "O Rio da minha aldeia não faz pensar e nada. /Quem está ao pé dele está só ao pé dele". A partir do estudo feito nas aulas, sabemos que Alberto Caeiro desvaloriza o pensar com a razão, valorizando as sensações, que são os seus pensamentos, bem como o real objectivo, a vida no presente.
Ao olharmos para a última estrofe, imediatamente nos ocorre que o rio não faz pensar em nada pelo simples facto de se valorizarem apenas as sensações e aquilo que se observa, sem usar a razão. No entanto, se olharmos para a passagem de "Notas para a recordação do meu Mestre Caeiro", podemos ver algo mais. Alberto Caeiro, pelo simples facto de se basear naquilo que vê, torna-se numa pessoa pura, numa pessoa que desvaloriza a criação de ideias a partir da razão, ideias essas que podem alterar a verdadeira realidade e a verdadeira natureza, que representa a pureza. Associando a pureza à brancura (branco é a cor da pureza), isto torna-se mais importante do que o que vemos simplesmente. No caso de Alberto Caeiro, vemos apenas uma cara pálida, mas que se transforma em algo extremamente belo e puro visto do interior, e isso sim é algo majestoso e digno de ser admirado.
Relacionando tudo isto com o rio que corre na sua aldeia, podemos concluir que o rio não faz pensar em nada devido à sua pureza, que por si só ultrapassa todas as sensações e pensamentos. "Quem está ao pé dele está só ao pé dele", da mesma maneira que quem vê Alberto Caeiro vê só uma cara pálida. É preciso sentir realmente o que o rio transmite para chegar ao seu ponto fulcral de brancura, para atingir o máximo de sensações, e só assim o Rio será digno de ser admirado.
Diana Carreto
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