sexta-feira, 18 de março de 2011

3º Teste (2º Período) - Resposta à Pergunta 2

   Na terceira e quarta estrofes são referidos os traços distintivos entre o Rio Tejo e o rio que corre na aldeia do poeta. Relativamente ao Tejo, o sujeito poético refere factos concretos, factos que todas as pessoas sabem. Assim, é dada uma menor importância ao Rio Tejo, aparecendo este em contraponto com o rio da sua aldeia, devido às diferenças existentes.
   Relativamente ao rio que corre na sua aldeia, este tem uma maior importância por menos gente o conhecer, por ninguém saber de onde vem nem para onde vai. Se pensarmos neste rio como a vida do sujeito poético, temos então uma vida vivida apenas no presente, onde o sujeito não sabe para onde vai nem de onde vem. Já no caso do Rio Tejo, este refere-se à vida monótona das pessoas que se limitam a conhecer o rio apenas pelos seus dados geográficos, e não pelo que o rio representa realmente. Toda a gente sabe que o Tejo desce de Espanha e entra no mar em Portugal, mas só sabem porque pensaram, porque procuraram razoes em algo que deveria ter apenas existência e não significado. Assim, o rio que corre na sua aldeia é mais livre e maior pois pertence apenas àqueles que através das sensações e daquilo que observam conseguem amplificar o seu sentido e significado, não racionalizando aquilo que vêem.
   Tudo isto é referido na terceira estrofe, ao passo que na quarta é referido o que existe para além do Tejo, bem como as pessoas que conseguiram atingir esse "além". Por sua vez, nunca ninguém pensou no que há para além do rio que corre na sua aldeia, uma vez que Alberto Caeiro, ao contrário de Fernando Pessoa, não tem a necessidade de ver sempre o que está além, para ele o que é real é sedutor. Já Pessoa tem a necessidade de fugir para o sonho para encontrar o que é sedutor. Assim, o Rio Tejo representa a perspectiva de Fernando Pessoa, no sentido em que o que é sedutor para as pessoas cujas conclusões se baseiam na razão é a fortuna, é o que está "além". Já para Caeiro, o real objectivo basta, e, assim, nunca ninguém pensou no que está "além", as sensações bastam.

Diana Carreto

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