sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Síntese do Capítulo VIII da obra Memorial do Convento

Baltasar e Blimunda vivem uma relação amorosa já á quase um ano. São um casal que vive numa comunhão mas fora da moral da época, infringindo as regras da sociedade. Isto é, a sua união é ilegítima pois não fora sacramentada pela igreja.
Baltasar questionava Blimunda e o padre Bartolomeu Lourenço porque comia ela pão todas as manhãs antes de abrir os olhos. Mas recebia como resposta que era um hábito que trazia desde criança.
Uma manhã, Baltasar esconde o pão a Blimunda e diz-lhe que só lho devolve se ela lhe contar o seu mistério. Ela implora e tapa os olhos com os punhos. Quando Baltasar tenta desviar as suas mãos, ela diz que lhe revela o segredo depois de comer o pão. E assim foi. Depois da pequena refeição tomada Blimunda diz que tem o dom de, em jejum, ver as pessoas por dentro. Porém este dom desaparecia sempre que o quarto da lua mudava. Sete - Sóis não acredita no que ouve e então combinam que no dia seguinte Blimunda não comeria, ambos sairiam á rua, e ela lhe diria o que via. No dia seguinte Blimunda não comeu duas refeições para apurar a vista e saíram de casa. Baltasar atrás e Blimunda á frente, para que não o pudesse ver, pois prometera que nunca o faria. Passeiam os dois e Blimunda mostra o seu segredo. Viu dentro dos corpos, por detrás da pele e da roupa, dentro da terra. Para Sete – Sóis eram coisas tristes de se verem, mas como ele não vê, só olha, não sabe como acreditar em tudo o que ela dizia. Para o provar, Blimunda diz-lhe que faça um buraco na terra e que retire dali uma moeda. Baltasar escavou e foi o que aconteceu.
Neste capítulo o narrador faz uma crítica ao povo português que é motivo de gozo por parte dos outros países. Por exemplo quando se diz que “os marinheiros vão para o mar descobrir a índia descoberta ou o Brasil encontrado” (ou seja, não vão fazer nada de especial) e que o infante D. Francisco dispara sobre os eles apenas para mostrar a sua boa pontaria. Desta forma, o narrador ironiza afirmando que é melhor para estes marinheiros serem feridos logo na sua terra e pelos seus superiores, que longe e pelos inimigos franceses. São também criticados os portugueses que se encontram no Rio de Janeiro, que por estarem a dormir, deram pouco trabalho aos franceses. Estes pareciam estar nas suas próprias terras: venderam na praça tudo o que tinham roubado e o que não faltou foram portugueses, mesmo sendo mais em quantidade, pagaram para recuperar o que era seu. O narrador dá como certo haver traidores entre os portugueses, mas justifica este facto pela forma como os nossos soldados eram mal tratados.
Outro exemplo de ironia, que o narrador utiliza para criticar a nossa sociedade está presente na passagem “..consideremos o caso das 30 naus francesas…, que é perto” e “e agora veio-se a saber.. galhofas estrangeiras”.
Para além dos militares também a igreja é criticada com o caso de um clérigo que gostava especialmente da companhia das mulheres e das suas camas, para satisfazer o seu prazer. Neste capítulo está descrita a sua fuga do clérigo dos oficiais e agarradores. Mais uma vez podemos ver a descrição crua que o narrador faz, pois o clérigo teve que fugir da casa onde estava tal como estava, ou seja, tal como veio ao mundo, sendo motivo de gozo para todos os que o viram passar pela rua e entrar assim na igreja. Este clérigo é descrito como pugilista (pois bateu nos quadrilheiros pretos) e como garanhão (por apreciar da presença feminina), isto é, coisas impróprias da sua classe social.
Mais uma vez conseguimos ver as diferenças entre as classes sociais. O encontro entre o cardeal D. Nuno da Cunha e o rei é descrito com muito pormenor, riqueza e excessos. O cardeal vai receber o “chapéu” ou “barrete” pelas mãos do rei. Através destas expressões (chapéu e barrete) e da descrição feita podemos ver o desdém que o narrador sente por toda esta riqueza.
Ao contrário desta vida das classes altas, os pobres, como Baltasar, acostumam-se á sua vida. “…mas lá estão os caldos da portaria… este povo habitou-se a viver com pouco”.
Por fim nasce o segundo filho do rei e da rainha, cujo nascimento tinha sido previsto por Blimunda e o capítulo termina com a deslocação do rei a Mafra para escolher onde será construído o convento. Num alto chamado de Vela.


Inês Teotónio
nº11

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