quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Apresentação Oral - Síntese do Capítulo II da obra Memorial do Convento

O Capítulo II da obra “Memorial do Convento” começa com a referência a Portugal como um país bem servido de milagres, sendo que até mesmo a concepção da rainha, se ocorresse, seria vista como mais um entre os vários milagres tradicionalmente relacionados à ordem de São Francisco. Diz-se, por exemplo, que um tal frei Miguel da Anunciação, mesmo depois de morto, conservara o seu corpo intacto durante dias, atraindo, desde então, uma grande quantidade de devotos para a sua igreja, tendo sido dito que nessa mesma igreja foi dada vista a cegos e pés a mancos.
Noutra altura, deu-se outro milagre. Este está relacionado com Santo António, uma vez que, certo dia, a sua a imagem, que vigiava uma igreja franciscana, moveu-se até uma janela pela qual ladrões tentavam entrar, pregando-lhes assim um grande susto. O que mais alto na escada se encontrava caiu ao chão, desamparado, tendo sido socorrido por fiéis, com os quais acabou por se recuperar, tornando-se um homem são, salvo e arrependido.
Outro caso, sendo este o principal do capítulo, é o do furto de três lâmpadas de prata do convento de S. Francisco de Xabregas, no qual entraram ladrões pela clarabóia e, passando junto à capela de Santo António, nada ali roubaram. Tudo começou pela meia-noite, quando os frades, ao entrar na igreja, deram com ela às escuras. Verificaram de imediato que não era o azeite que faltava através do tacto e do cheiro, uma vez que este se encontrava derramado no chão. Só depois então perceberam que o que faltava eram as lâmpadas, uma vez que ainda puderam ver as correntes onde estas tinham estado suspensas a oscilar, o que indicava que o crime ainda estava “fresco”. Assim, esperando que os ladrões estivessem por perto, saíram em patrulhas pelas estradas, enquanto que outros, desconfiados de que os ladrões pudessem estar ainda escondidos na igreja, deram a volta, percorreram-na e só nessa altura viram que no altar de Santo António, rico em prata, nada havia sido mexido. O frade, com toda aquela preocupação e irritação, culpou Santo António por ter deixado ali passar alguém, sem que nada lhe tirasse, e disse: “E vós, santo, só guardais a prata que vos toca, e deixais levar a outra, pois em paga disso não vos há-de ficar nenhuma, e ditas estas violentíssimas palavras, foi-se à capela e começou a despi-la toda, tirando não só as pratas, mas as toalhas e adornos, e não só à capela, mas também ao próprio santo, que viu levarem-lhe a auréola de tirar e pôr, e a cruz, e que ficaria sem Menino ao colo se outros religiosos não tivessem acudido, achando punição excessiva e advertindo que o deixasse para consolação do pobre castigado.” Assim, o frade deixou o Menino como seu “fiador", até que o santo se dignasse a devolver as lâmpadas. Com tudo isto que se passou eram já duas depois da meia-noite, e, assim, recolheram-se os frades e foram dormir, alguns temendo que viesse o santo tirar a desforra do insulto... Na manhã seguinte, apareceu na portaria do convento um estudante, que, querendo falar ao prelado (bispo), revelou estarem as lâmpadas no Mosteiro da Cotovia, dos padres da Companhia de Jesus. Desta forma, faz-nos desconfiar que o tal estudante, apesar de querer ser padre, fora o autor do furto e que, arrependido, deixara lá as lâmpadas, por não ter coragem de as devolver pessoalmente. Desta forma, voltaram as lâmpadas a S. Francisco de Xabregas, e o responsável não foi descoberto.
Por fim, e incidindo agora um pouco mais no narrador, é importante referir que este volta ao caso do frei António de S. José, levando-nos a desconfiar que este, através do confessor de D. Maria Ana, soube da gravidez da rainha muito antes do rei.
No que toca à construção frásica, não só neste capítulo mas também em muitos outros, é possível verificar a ausência de sinais indicadores de diálogo, sendo normalmente uma virgula que separa as falas das personagens. Também os pontos de exclamação e de interrogação se encontram omissos, sendo no entanto, possível a sua percepção por parte do leitor.

Diana Carreto, nº5 12ºC

1 comentário: